(Enviado pelo candidato a deputado estadual pelo PSDB-RS, Professor Serpa)
A CHAVE DO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO ESTÁ EM PENSAR O HOMEM, A PARTIR DA GLOBALIDADE DO SEU SER.
A premissa mais desafiadora no decurso de um desenvolvimento sustentável e justo, sem margem de dúvida, requer uma consciência antropológica inovada, sempre mantendo presente a figura humana e seu espaço. A tecnologia jamais pode arrogar-se o direito de ser fim em si própria, pois, isso constitui uma anomalia na natureza humana. Afinal, o centro e fim último do desenvolvimento sempre é o homem. Ao focarmos como algo essencial essa dimensão no processo inovador da tecnologia, nos obrigamos a rever o conceito que temos de Estado e seu papel no conjunto da sociedade, a finalidade última dos avanços na tecnologia de ponta, assim como, que futuro estamos preparando para as novas gerações. Ao analisar de forma crítica o desenvolvimento tecnológico na atual civilização, vemos em seu bojo uma filosofia com uma perigosa ambiguidade. Por quê? Sutilmente permeia nas veias da mesma uma perversa ideologia, que coloca o homem, principalmente, alguns que se julgam cientistas e donos da verdade, numa pseudo-liberdade, autosuficiência e deificando o homem como absoluto. A partir desse pressuposto aparece a ciência como a toda poderosa. Isso é trágico! “A pessoa humana está dinamicamente orientada para o próprio desenvolvimento. Não se trata de um desenvolvimento garantido por mecanismos naturais, porque cada um de nós sabe que é capaz de realizar opções livres e responsáveis; também não se trata de um desenvolvimento à mercê do nosso capricho, enquanto todos sabemos que somos dom e não resultado de auto geração. Em nós, a liberdade é originariamente caracterizada pelo nosso ser e pelos nossos limites” (cf. Caritas in Veritate. nº68).
O DESENVOLVIMENTO É ALGO INTRÍNSECO AO SER HUMANO.
A capacidade que o homem tem a partir do dom da inteligência recebida de Deus, não o isenta de reconhecer que esse poder colocado em suas mãos de transformar a realidade seja sempre orientado pela eticidade e pela virtude da humildade. Somos seres mortais e criados para sermos felizes, embora, isso requer, hoje, um profundo exame de consciência, de que a facticidade nos aponta para a finitude existencial. “Ninguém plasma arbitrariamente a própria consciência, mas todos formam a própria personalidade sobre a base duma natureza que lhe foi dada (...) o desenvolvimento da pessoa degrada-se, se ela pretender ser a única produtora de si mesma. De igual modo, degenera o desenvolvimento dos povos, se a humanidade pensa que se pode recriar valendo-se dos “prodígios” da tecnologia. Analogamente, o progresso econômico revela-se fictício e danoso quando se abandona aos “prodígios” das finanças para apoiar incrementos artificiais e consumistas” (cf.ibidem). A chave para que entendamos o desenvolvimento correto à luz de princípios morais é que nós o façamos no sentido plenamente humano e no horizonte de sentido da pessoa vista na globalidade do seu ser. Bento XVI, na Carta Encíclica “Caritas in Veritate” é muito feliz e claro ao afirmar: “O desenvolvimento não será jamais garantido completamente por forças de certo modo automáticas e impessoais, sejam elas as do mercado ou as da política internacional”. E continua: “O desenvolvimento é impossível sem homens retos, sem operadores econômicos e homens políticos que sintam intensamente em suas consciências o apelo do bem comum. São necessárias tanto a preparação profissional como a coerência moral” (cf.ibidem. nº71).
A RESPONSABILIDADE DA SOCIEDADE EM CRIAR UM ESTADO E UMA POLÍTICA QUE ASSEGURE O BEM COMUM.
A Doutrina Social da Igreja tem grande simpatia por uma sociedade democrática, participativa nas decisões que dizem respeito ao bem da nação. Ora, isso requer da própria sociedade uma consciência de que quem faz a história prosseguir é ela mesma, à medida que tenha uma participação ativa na construção de novos modelos para gerir a “Coisa Pública”. Esses modelos precisam estar alicerçados em princípios baseados na ética da vida e do homem para concretizar as devidas mudanças. Na atual civilização as mudanças deverão ser profundas. “A comunidade política tem na referência ao povo a sua autêntica dimensão: ela é e deve ser na realidade, a unidade orgânica e organizadora de um verdadeiro povo” (cf. Doc. CNBB - Por uma Reforma do Estado com participação Democrática. nº37). E o documento continua: “O povo não é uma multidão amorfa, uma massa inerte a ser manipulada e instrumentalizada (...) é preciso superar os limites de participação deste modelo atual. A desconfiança e a desesperança aumentam a necessidade de encontrar saídas que ultrapassam tais questionamentos” (cf. ibidem. p.24). Precisamos despertar em todos os segmentos da sociedade, hoje, a consciência de que é participando ativamente das decisões referentes às diversas áreas da “Coisa Pública”, acompanhando, que as coisas poderão ter novos rumos. É preciso um Estado e estadistas comprometidos sempre mais com o bem comum. Está na hora do Estado deixar de ser subserviente da economia, mas ambos precisam caminhar para o mesmo fim, ou seja, o bem comum da nação, do ser humano e do meio ambiente. Esse é o caminho concreto para tornar realidade o sonho de todos e o fim para o qual fomos criados por Deus. A felicidade do ser humano que ruma à plenitude última da humanidade: Deus. Pense e reflita!
Paróquia N. Sra. de Lourdes – Canela – RS - Pe. Ari Antônio da Silva – Vigário Paroquial - Doutor em Filosofia – UPSA – Salamanca – Espanha - pearisilva@hotmail.com e www.catedraldepedra.com.br
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