CONTEXTO ELEITORAL (*)
Muita gente surpreende-se com os resultados da tendência de voto nas pesquisas eleitorais recentes, mas não compreendem o fenômeno.
Como imaginar há pouco mais de meio ano que a candidata à presidência do PT, quase ilustre desconhecida, poderia ultrapassar antes do início da campanha eleitoral o candidato do PSDB? Parecia improvável. E, julgavam alguns que a transferência de votos do presidente seria restrita, pois, uma coisa é o presidente e sua história e outra a candidata.
Era notório que cresceria. Tanto pela vinculação com a popularidade do presidente, quanto pelo resultado da economia nacional que conforta muita gente. E, claro, pela produção de mídia pré-eleitoral intensa do último semestre.
Agora, resta saber se a imagem construída se mantêm no desenvolvimento da campanha, notadamente nos debates televisivos. Isto é: qual a consistência das candidaturas e a eliminação ou fortalecimento dos temores presentes pairando sobre os candidatos.
Então, com o plano real a economia começou a mudar e melhorar e, desde então, o eleitor não quer arriscar em mudar. Claro, o PT conseguiu, na esteira das crises internacionais que impactaram forte e negativamente nossa economia, criar um clima de forte instabilidade e desconfiança que favoreceu a mudança em 2002. Hoje, não há ameaça política ou econômica visível ao grande público. Logo, o discurso da mudança não tem apelo.
Acertadamente, SERRA cunhou o slogan de que o Brasil pode mais, sinalizando avançar. Não ameaçando, portanto, a idéia da estabilidade atual, nascida com FHC.
Neste contexto, a vantagem é da candidata do governo, pois representa de modo mais claro a continuidade.
No estado a situação é similar. O governo é bem avaliado e há o desejo que seja continuado. Quem o representa é a governadora e as pesquisas mostram isso através do crescimento constante nos indicadores de intenção de voto. E tem mais para crescer.
O candidato da oposição (PT), por sua vez e o da neutralidade (PMDB), cada um vem buscando um mote para contornar a dificuldade de apresentar crítica consistente ao governo. O primeiro tentando firmar-se na suposição de que resolverá os problemas do estado com o dinheiro federal e do mundo. O outro, sem alternativa, dizendo que vai continuar o que está dando certo e que vai melhorar o que possa estar deficiente. Contudo, sem apresentar o certo e o deficiente. De um lado para não referendar o governo. De outro para não se distanciar da base eleitoral e cair ainda mais nas pesquisas de opinião.
Considerando que o candidato do PT tem grande probabilidade de estar no segundo turno da eleição, não se descartando uma decisão em primeiro turno (esperança petista) e que FOGAÇA e YEDA disputam a outra vaga, deixam de mirar no primeiro para buscar crescer um sobre o eleitorado do outro. YEDA vem levando vantagem. Representa a continuidade.
Portanto, com TARSO navegando livre de críticas e com a ascensão de DILMA já vão se aproximando do seu limite de segundo turno no primeiro, indo além da força natural do seu bloco político-eleitoral.
A conclusão é que as disparidades do primeiro turno, à exceção de que algum dos candidatos faça maioria absoluta dos votos válidos no primeiro turno, serão reduzidas e a disputa final levará para uma decisão apertada, tanto aqui quanto acolá.
Como se pode notar, o clima eleitoral vai esquentar!
(*) Vicente Bogo – ex-vice-governador RS.
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