FONTE - Site do Jornal do Comércio
No encerramento do 23º Fórum da Liberdade, o painel Política e Ideias fechou os seis temas propostos para a edição 2010 do evento. Os discursos do ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, do presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johanppeter, e do ex-presidente da Bolívia, Jorge Quiroga encerraram as atividades do evento na noite desta terça-feira (13), em Porto Alegre. O sexto painel começou em clima de festa. FHC foi ovacionado pelo público que lotou o Centro de Eventos da Pucrs. Os aplausos só cessaram após o anúncio da chegada da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, que foi bastante vaiada.
Os protestos logo se dissiparam, por meio do discurso do presidente do Instituto de Estudos Econômicos (IEE), Leonardo Fração, enaltecendo a política fiscal e de equilíbrio das contas públicas no Estado. "Este governo acabou com o autoritarismo e a irresponsabilidade de outras gestões que o sucederam", atestou. Mas a figura mais esperada do evento era a de Fernando Henrique Cardoso, considerado "o maior estadista da América Latina", pelo ex-presidente da Bolívia, Jorge Quiroga. "A situação econômica do Brasil e da América Latina é fruto da consolidação da democracia brasileira e da abertura econômica, promovidos por Fernando Henrique", salientou.
Isento das legislações eleitorais nacionais, Quiroga não poupou elogios. "Fernando Henrique sempre preferiu ser um estadista a ser um político. Pois um político coloca o seu partido acima da economia e um estadista privilegia a economia", concluiu boliviano. Em seguida, Jorge Gerdau debruçou boa parte de seu discurso sobre a conceituação das diversas formas de liberdades. "Nos empresários nos preocupamos coma liberdade econômica e nos esquecemos de outras formas de liberdade", analisou.
Questionado sobre a meritocracia, Gerdau defendeu a utilização das técnicas de gestão privada no setor público. "Criar carreiras dentro do Estado é uma peça chave, utilizada nos países mais desenvolvidos e um desenvolvimento tecnológico que serve para melhora e qualificar o serviço público", advertiu. Antes de passar a palavra a Fernando Henrique, Gerdau fez uma crítica ao cerceamento da liberdade na China e tratou da temática social. "Este é um fórum político. Os empresários têm de cuidar da família, da empresa e também da política. Do contrário, os políticos acabam com os avanços da empresa", ironizou.
Ex-presidente criticou Plano Nacional de Direitos Humanos
Ao tomar o microfone para si, Fernando Henrique Cardoso continuou na linha introduzida pelos demais palestrantes. Inicialmente, o sociólogo falou mais alto e o público observou atento a uma aula de história acerca da democracia e suas relações com a liberdade. Sustentando suas teses, com diversos autores, entre eles Maquiavel, Hobbes e Joaquim Nabuco, o ex-presidente avançou na direção da crítica social sobre o cenário.
"Ainda não se pode afirmar com segurança, que no Brasil estamos livres de uma forma contrária à democracia clássica, regida, sobretudo, pela liberdade. É possível que o desenvolvimento econômico seja pleno, mesmo em regimes autoritário. O que não se pode abrir mão é de uma série de mecanismos inerentes ao espírito de liberdade", avaliou.
O ex-presidente ainda chamou a atenção sobre a fragilidade democrática no País. "É preciso tomar cuidado com as facetas que se impõe como democracia. O perigo pode vir de qualquer setor, inclusive de baixo. Aliás, ao longo da história este perigo vem de baixo e não de quem está no topo", considerou. Questionado sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH), apresentado pelo governo Lula, ele foi enfático ao dizer "Neste modelo não vai passar. Quem acha que tem a chave para tudo acaba impondo. Não se pode ser a favor dos Direitos Humanos aqui e se ser contrário em Cuba. Pois estamos tratando de valores universais que não podem ser manipulados em prol de interesses políticos", contrariou.
Ao analisar o papel do estado em ano eleitoral, FHC apresentou algumas teorias sobre o que caracterizou como velho tema."Não há economia prospera sem um estado competente e bom gestor". Para ele, o problema é definir os limites desta ingerência. "Quando se privilegia determinados agentes e setores, em detrimento de uma politização da questão, há um desserviço ao interesse público", concluiu, antes de deixar o auditório da Pucrs sob os aplausos do público.
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