ARTIGO

Retomando o HUMANISMO

Em qualquer direção que vá nosso olhar encontramos o Ser Humano em estado de problema. As manifestações mais freqüentes são as doenças, o stress, a depressão, a neurose e esquizofrenia latente. Entre as conseqüências observa-se um quadro geral de anomalias, notadamente no crescimento vertiginoso do esforço do Estado na direção destas disfunções, entre as quais uma das mais graves é percebida pela elevação acelerada da violência, dos atentados contra a vida, a natureza e o patrimônio.
O resultado deste quadro caótico da realidade social e humana é a perda do referencial existencial. Em certo sentido, a relativização da vida, sua redução e transformação em objeto descartável, em mercadoria.
Em meio a esta conturbada realidade o homem procura desesperadamente por uma saída. Abraça ideologias, crenças e até mesmo os valores do mercado de consumo como forma de encontrar respostas que satisfaçam a angústia contínua. Não encontra.
A cura, a superação do mal requer providências que podem ser pessoais ou de ordem político-social. Partir da identificação das causas reais e da modificação do comportamento das pessoas. Inclusive dos líderes que atuam dentro da sociedade.
De fato, sem se conscientizar do problema e das suas causas, dificilmente haverá a cura definitiva. Na forma como se pratica a ciência nos tempos atuais a solução é buscada pelo tratamento dos efeitos, dos sintomas.
O que falta? Encontrar as causas últimas, internas, psíquicas da maioria dos fenômenos. Adentrar ao profundo da alma humana. É preciso compreender a fenomenologia psíquica do ser humano, donde parte a diretriz da vida ou onde ocorre a distorção que faz a somática do mal.
Nossa bandeira, em seu brasão, declara três fundamentos da nossa sociedade: liberdade, igualdade e humanidade. Falamos tanto nas últimas décadas, primeiro em liberdade diante do autoritarismo e depois clamamos por igualdade, ainda em construção. É a hora de trazermos à nossa reflexão o tema da humanidade. Do sentido da vida e do valor humano. O papel do humano neste planeta.
Em suma, atualmente, nada mais é importante do que as pessoas. É nelas que se encontra o erro e onde se deve agir responsabilizando-as pela própria existência e ajudá-las quando resolvem fazer a evolução. Trata-se de recuperar o sentido da vida. O verdadeiro valor humano. E, no âmbito do Estado, da política, apoiar aqueles que produzem, inclusive para sustentar e tratar as disfunções.

(*) Vicente Bogo – Professor. Ex-vice-governador.

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