ENTREVISTA

Transcrição da Entrevista concedida por Vicente Bogo, pré-candidato ao Senado Federal indicado pelo diretório estadual do PSDB do RS, à Rádio Gaúcha - Programa Gaúcha Atualidade, nesta terça-feira 23 de março de 2010.

André Machado -  Estamos ouvindo desde o inicio da semana que passou os pré-candidatos aqui pelo RS ao Senado Federal e hoje é a vez de ouvirmos mais um pré-candidato pelo PSDB.

Carolina Bahia - Hoje vamos conversar com o ex-vice-governador, Vicente Bogo. Lá em dezembro, quando o diretório estadual aprovou o seu nome como pré-candidato ao Senado o Sr. já falava da crise de credibilidade do Congresso, quais são suas propostas hoje para o Senado?

Vicente Bogo - É verdade. Eu fui deputado federal constituinte e fizemos uma Constituição pensando no fortalecimento da democracia, na modernização das instituições, enfim, na transparência da coisa pública e termos uma sociedade da qual a gente pudesse ir crescendo, aperfeiçoando, etc, mas na realidade a gente vem colhendo nestes últimos tempos, não sei se desde a época, uma espécie de degradação ou depreciação ou perda até de referencia, inclusive da instituição político-parlamentar e por último, lá na Câmara desde os anões do Orçamento, depois com o mensalão e no Senado as coisas que envolveram a direção do Senado e se tentou até a renuncia do presidente Sarney, atos secretos e outras coisas. Então a gente que conhece lá e que vive bastante aqui, com esta perda de referencial entende que temos que fazer um esforço grande para mudar isso. Porque hoje a sociedade em geral está meio perdida, nós estamos meio que sem referenciais e com a perda de valores. Os valores tradicionais de algum modo foram relativizados e hoje estamos na edie da opinião e todo mundo meio perdido. E o Senado hoje teria que ser um pouco o eixo, o centro de referencia da estabilidade do Brasil, por isto teria que ser o centro da segurança jurídica, que de algum modo também está afetando e talvez mais do que se pense, a sociedade, os produtores , os investidores, os empresários, e nós temos que trabalhar em cima disto. Então, em cima da minha experiência e observação entendo que tem três coisas centrais que vou colocar ao debate:

Primeiro: entendo que precisamos qualificar a composição do Senado Federal. Os que vão integrar o Senado tem que ser pessoas que correspondam ao papel do Senado, que é de representar os Estados, cuidar de suas dívidas, dos relacionamentos, das nomeações, dos ministros do Supremo, dos representantes internacionais, dos fóruns e acordos internacionais, e tanta coisa que afeta até a vida do cidadão quando faz um acordo, por exemplo, de livre comércio. Isso significa dizer que temos que colocar lá pessoas que conheçam o Estado, o governo, que tenham experiência em administração pública, sobre isso estou organizando uma proposta, que eu vou tratar mais adiante.
Segundo: acho que o Senado tem que ser um fórum, uma instituição que de segurança jurídica. Não dá pra caminhar na direção nesta linha, neste ultimo decreto governamental que alguém vá lá e possa invadir um direito que alguém construiu ao longo da vida e vai se discutir se ele é certo ou errado. Não podemos viver esta dúvida permanente, nem mesmo com relação a julgamentos de processo.
Terceiro: entendo que temos que trabalhar as reformas partindo da reforma do Estado, ou seja do pacto federativo.

Carolina Bahia – O governador José Serra admitiu somente na última sexta-feira a candidatura dele a presidência da república e por enquanto ainda não tem agenda para o RS. Essa considerada demora, até mesmo dentro do PSDB, para deslanchar a candidatura não atrapalha a campanha até mesmo no RS?


Vicente Bogo - Não, absolutamente não. Penso que o governador José Serra foi prudente e quem pretende ser presidente da república ou governador tem que ter prudência. Ele foi prudente em tocar as coisas de São Paulo, esperar o momento ideal para fazer a desincompatibilização e tem pela frente praticamente seis meses para se apresentar, discutir e trabalhar. Em tese, esta situação mostra o seguinte, apesar da candidata oficial ter crescido, o Serra não perdeu seu apoio político, nas pesquisas continua lá com seus 33 a 35% e está tudo tranqüilo. Acho que quando ele se desincompatibilizar, assim como nós também vamos fazer aqui, ele vai começar a trabalhar. A população ainda não decidiu seu voto, estão observando. Não sinto prejuízo não, ao contrário. Isso é um reconhecimento de valor, pela prudencia e cautela de fazer a coisa no tempo devido.

Rosane de Oliveira – Bom dia Vice-governador. Como é que vocês vão definir quem será o candidato do PSDB já que existe uma disputa neste momento entre o Sr. e o secretário Wenzel?


Vicente Bogo - Bem, na verdade a responsabilidade de conduzir o processo é da direção estadual, presidida pelo deputado Cláudio Diaz. Todavia ainda não se fecharam as coligações e cada partido, ou coligação poderá ter dois candidatos. Se coligarmos é obvio que nos levará a dividir estas vagas. Se não, teremos dois candidatos. De outra parte, eu me apresentei já no ano passado ao partido, e o diretório estadual aprovou em dezembro a pretensão minha de ser candidato ao Senado. Agora surgiram outras pretensões, o companheiro valoroso, secretário Wenzel, inclusive ontem lançou um livro sobre meio ambiente, Pampa Verde, e enfim, penso que essa semana deva se resolver isso, sem problemas, sem trauma, não é, óbvio que eu penso que serei o candidato do partido e venho colhendo este apoio quase unânime das coordenadorias regionais, e nosso pessoal da base. Mas, eu tenho que respeitar o processo interno, tem que se decidir e, aquele que for escolhido, enfim, tem que levar adiante a liderança do partido.

André Machado – Bom. Ex-vice-governador Vicente Bogo, pré-candidato pelo PSDB ao Senado Federal, pra encerrar Dr Bogo, neste momento o PSDB no governo do Estado, como um governo que vem melhorando seus índices de aprovação, mas muito contestado ainda, com índices de rejeição ainda muito altos, neste momento ser candidato pelo PSDB no RS, ajuda ou prejudica uma candidatura?

Vicente Bogo - Eu acho que vai ajudar. Não sinto prejuízo. Até porque o eleitor não casa muito a questão dos partidos e dos candidatos. O eleitorado cada vez está vendo menos ideologicamente e mais seus interesses e a sua percepção. E esta é uma eleição que o fator renovação, experiência e o fator credibilidade vão pesar muito. Inclusive o governo sempre andou bem, não é. O que houve foram dois ou três anos de questionamentos sobre a governadora que cessou em outubro do ano passado. Eu sinto viajando pelo Estado que a receptividade está aumentando extraordinariamente e me atrevo até a dizer que a governadora tem condições de passar ao segundo turno e buscar a reeleição. Então isto vai me ajudar, tanto a mim, como a coligação, se coligarmos com o PP, a Ana Amélia, com quem espero fazer a dobradinha.

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